quinta-feira, 26 de abril de 2018

Estrada de Ferro da Tijuca

Companhia da Estrada de Carris de Ferro da Cidade à Tijuca
1859 - 1866

Histórico

Em 29 de março de 1856, através do Decreto nº 1.742,  é outorgada a segunda concessão, para o escocês radicado no Brasil Thomas Cochrane, com privilégio para construção de uma linha de ferro-carril entre o Largo do Rossio (atual Tiradentes) e o Alto da Boa Vista.

No dia 9 de junho de 1856, através do Decreto nº 1.777 foi aprovado os estatutos da Companhia de Carris de Ferro da Cidade à Boa -Vista na Tijuca.


Jornal do Commercio, 20/04/1858, p.2


No dia 30 de janeiro de 1859, pela Companhia da Estrada de Carris de Ferro da Tijuca, quando a cidade contava com  cerca de 150 mil habitantes, é realizada a primeira viagem experimental da primeira linha de bonde de tração animal  do Império.

No dia 26 de março de 1859, com a presença do Imperador, é realizada a inauguração solene da primeira seção da linha, ligando a Praça da Constituição (atual Tiradentes) à Raiz da Serra do Alto da Boa Vista , com extensão de 9 km e bitola de 1600 mm. Na mesma ocasião é realizada a cerimônia de benção das locomotivas. A Floresta da Tijuca era considerado um arrabalde de aspecto magnífico e pitoresco, com ar puro, um dos rincões preferidos pelas classes mais abastadas, inclusive estrangeiros.

Nos primeiros meses de operação já transportava entre 10 e 12 mil passageiros por mês, com apenas 2 carros. Trata-se da segunda linha de bonde de tração animal a ser implantada na América do Sul, tornando o Brasil o quinto país do mundo a dispor de uma linha de bonde de tração animal para o transporte regular de passageiros, atrás apenas dos Estados Unidos (1832), França (1855), Chile (1857) e México (1858). 

A Companhia contava inicialmente com 80 muares. O trecho da segunda etapa, entre a Raiz da Serra e o Alto da Boa Vista se encontrava  em construção, segundo o relatório do Ministério do Império de 1859. Em setembro são entregues mais dois carros, importados da Inglaterra. No mesmo ano também é encomendado um carro para cargas e transporte de passageiros descalços.  A estação da companhia,  localizada na rua Conde, contava com espaço para a guarda dos carros e animais, além do escritório que passou a funcionar a partir de 1° de fevereiro de 1860. Além da conclusão da linha até o Alto da Boa Vista, planejava-se a construção de um ramal para o Rio Comprido. 


Carro da Estrada de Ferro da Tijuca

Relatório da Estrada de Ferro da Tijuca publicado no 
Correio Mercantil, em  fevereiro de 1860


Em 1860 Estrada de Ferro da Tijuca contava com duas linhas: Andarahy e Portão Vermelho (atual Tijuca Tenis Club), que juntas realizavam 12 viagens/dia/sentido. A linha do Andarahy (atual bairro da Tijuca) fazia ponto final no “Agostinho”, na chácara do Doutor F.A. Marques. 

No dia 21 de setembro de 1861, através do Decreto Nº  2.828, é autorizada a utilização de locomotivas a vapor na Estrada de Ferro da Tijuca, dentro dos limites da cidade do Rio de Janeiro.

Em 1862, a tração animal dos bondes da Companhia Carris de Ferro é substituída por locomotivas a vapor, o que torna o Brasil o segundo país do mundo, e o Rio de Janeiro a terceira cidade do mundo, a dispor de bondes de tração a vapor, atrás somente das cidades de Philadelphia (1849) e San Francisco (1860), todas nos Estados Unidos. 



Em 1864, a linha da Companhia Carris de Ferro da Tijuca é prolongada até o início da Estrada do Alto da Boa Vista. Entre outubro de 1864 e março de 1865 foram transportados 170.542 passageiros.

Em 1865, a Companhia Carris de Ferro da Tijuca continua a operar com regularidade, não apresentando nenhum acidente, ao menos, entre janeiro e março, transportando nesse ano 299.298 passageiros. A companhia possuía 4 locomotivas a vapor.

No dia primeiro de janeiro de 1865, a Estrada de Ferro da Tijuca inicia a venda de bilhetes trimestrais, com valor de 75$000. No dia primeiro de setembro é iniciada a venda de bilhetes mensais por 27$500, válidos para qualquer trem, dia e classe.

No dia 28 de novembro de 1866, circula o último bonde da Companhia Carris de Ferro da Tijuca. O tráfego é suspenso devido à série de acidentes provocados pela falta de manutenção das linhas, que não era realizada por falta de recursos. A companhia que também possuía grande dívida hipotecária é extinta por insolvência financeira. Nesse ano, até a suspensão do tráfego, foram transportados 46.417 passageiros.


Mapa de 1862


Página lançada em 26 de abril de 2018

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